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A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é a principal cardiopatia causadora de insuficiência cardíaca nos gatos, podendo causar quadros congestivos, tromboembolismo arterial sistêmico e até mesmo a morte súbita. É uma doença de origem genética que também acomete os homens, apresenta uma grande variabilidade de genótipos e fenótipos, com mais de 1400 mutações já descritas na medicina humana. A CMH não é um defeito congênito, mas uma doença de caráter genético que se desenvolve lentamente, ao longo do desenvolvimento do paciente, o que exige um acompanhamento clínico cardiológico para adequado diagnóstico.
Gatos com CMH raramente apresentam manifestações clínicas, permanecendo assintomáticos por anos, inclusive aqueles que possuem alterações estruturais cardíacas importantes. Este fato dificulta o diagnóstico da cardiomiopatia, já que muitos criadores e proprietários nem sequer suspeitam de qualquer alteração cardiovascular em seu felino.
Raramente os gatos acometidos manifestam alterações antes dos seis meses de idade, e o diagnóstico da CMH pode levar anos. Desta forma, o padrão ouro para o diagnóstico da CMH é o exame ecodopplercardiográfico, preferencialmente realizado por médicos veterinários especializados e com experiência em cardiologia felina.
Em algumas raças, as principais mutações relacionadas à CMH já foram descobertas e são rotineiramente testadas antes da realização de programas de cruzamentos, como é o caso dos Maine Coons e Ragdolls. Os gatos podem ser homozigotos, heterozigotos ou negativos para a mutação; porém, nem todo paciente que apresenta a alteração genética irá desenvolver a afecção, já que sua penetrância é incompleta e há uma grande variabilidade de fenótipos. Da mesma forma, um paciente negativo para a mutação não está necessariamente “livre” da CMH, já que existem muitas outras mutações envolvidas e ainda não estudadas.
Como o diagnóstico da CMH é feito por avaliações periódicas e há influência genética no desenvolvimento da doença, há necessidade de critérios ecocardiográficos e cardiológicos para considerar um gato apto à reprodução (como matriz), minimizando a chance de propagação do gene mutado para os filhotes (e, muitas vezes, o diagnóstico definitivo só é feito depois de passada a idade ideal para a reprodução, daí a importância de seguir um adequado programa de triagem).
As raças que apresentam componente hereditário em relação à cardiomiopatia hipertrófica e que são estudadas no programa Pawpeds são:
– Bengal
– Birmanês
– British Shorthair
– Cornish Rex
– Devon Rex
– Exótico
– Maine Coon
– Norwegian Forest Cat
– Persa
– Ragdoll
– Siberiano
– Sphynx
Como é realizado o exame ecodopplercardográfico?
O ecodopplercardiograma é um exame ultrassonográfico do coração e dos grandes vasos, que permite avaliação hemodinâmica e estrutural cardíaca, permitindo quantificação de fluxos, função cardíaca e mensuração das estruturas cardíacas. O exame é bem tolerado em gatos, não causa dor e, na maioria dos casos, não há necessidade de sedação/ tranquilização. Não há necessidade de preparo prévio e o exame tem duração média de 30 minutos.
Texto: Clínica Gattos - SP